sexta-feira, 5 de março de 2021

"Tudo começou aqui, longe do mar. É que o cinza é maior que o céu e o resto é chorar"

Comecei em S.B.Campo, 05/05/2017

Hoje chove em SBC, um dia úmido e cinza. Sai cedo para a faculdade, vários contratempos poderiam ter alterado meu humor, mas não ocorreu. Mais tarde, antes do trabalho, ganhei beijos, sorrisos e cervejas. A vida flui bem. Tenho problemas, claro. Todos temos. Mas impera uma calmaria em meu coração, que você não acreditaria.
A chuva e as canções que eu ouvia enquanto fazia meu caminho até o trabalho, me fizeram lembrar você. Por isso estou escrevendo.

"Vai, menina! Cresce agora, vai. Eu sei que dói.
Vai, menina! Deite os lábios, não vai mais sorrir."

Escrevendo porque lembrei de você e das suas músicas tristes, sua tristeza tão grande e profunda que ensombra, e por tantas vezes apaga meu bom humor. Minha vontade é de te abraçar, de sorrir pra você e conversar. Oferecer o ombro que ninguém te dá.
Acredita que às vezes encontro cartinhas tuas. Pedidos de socorro, que leio com espanto. Quantas cartas de adeus ainda vou encontrar em cadernos antigos escondidos no guarda roupa?

"Vai, menina! Veste o peito de coragem. 
Corra, não perca a viagem porque os anos logo vêm"

Com meus quase 31 anos, hoje 05.03.2021. Faz calor, moro em SP, com a mulher que amo e eu quero dizer à você que SIM, SOBREVIVEMOS!  Eu sei que dai, você com seus 16, desacredita disso. Eu sei que às vezes nem deseja isso. Mas sim, chegamos aqui Bia. E se chegamos é graças a você, que NÃO DESISTIU! Lutou sozinha e venceu a tristeza, a solidão, os traumas, e quem sabe até a depressão. Tu é forte, é brava! Unhas, dentes e sangue pra fazer esse negócio de vida dar certo, e vai muito bem!


Obrigada!

quarta-feira, 1 de maio de 2019

O retorno de Saturno

Eu vi em algum filme a famigerada frase "São tempos difíceis para os sonhadores", talvez tenha sido naquele lentíssimo filme francês "O fabuloso destino de Amelie nãoSeiQuem", que até hoje não sei se gosto ou desgosto. As únicas certezas que tenho sobre esse filme é que: 1. não consigo assistir em uma tacada só, durmo todas as vezes. 2. chato, mas talvez eu finja que goste só para parecer cult. 3. vai ver eu não entendi nada.

Mas o quê eu falava mesmo?? Ahhh sim, "São tempos difíceis...."

Maluco, eu comecei esse blog há uns 10 anos atrás para desabafar sobre os tempos difíceis. E olha eu aqui de novo. Não que vá se estender como da última vez (Quem diria, ganhei amizades com isso), mas bora escrever enquanto se há vontade.

Beirando os vinte e nove invernos, as coisas estão pra lá de bagunçadas por aqui, deposito minha esperança naquela história de retorno de saturno, mas por outro lado eu nem acredito em astrologia então....

Pois é!

Ps. nos últimos dez anos a única coisa que não perdi foi barriga, por que de resto.... ai ai


quinta-feira, 20 de julho de 2017

"In the end"

Eu devia ter uns 14 ou 15 anos quando comecei a aprender o que era rock. A escola de rock para os adolescentes da época era a (falecida) MTV Brasil. Acompanhávamos os clipes e as notícias, alguns shows. Foi através de lá que conheci o Linkin Park. Eu adorava, meus amigos também. Fãs adolescentes, all star e camisetas pretas com estampas das bandas preferidas. Tive uma do Linkin Park. Lembro da alegria quando comprei meu primeiro CD do deles, o Live in texas. Um CD ao vivo que eu adorava e devo ter furado de tanto que ouvi. Adolescente fantasiosa, achava que o Mike Shinoda era o cara ideal, talvez tenha sido meu primeiro crush impossível rs. Mas eu me identificava mesmo era com Chester Bennington.
Lembro do quão impactada fiquei, quando em uma entrevista ele disse que havia sofrido abuso sexual quando era criança. Passado traumático, mas lá estava ele, o homem que havia declarado que já pensara em suicídio por causa do abuso: corajoso, gritando suas dores. Era assim que o via. O grito rasgado, cantando letras fortes, que para mim faziam todo sentido. Imaginava que as dores de Chester pareciam com as minhas e imaginava que assim como ele eu também poderiam resistir, nem que fosse gritando...

Numa luta contra drogas, álcool e traumas, Chester foi encontrado
hoje, morto em suas casa. Suicídio por enforcamento. #RipChester

Não sabemos quão profundas são as marcas de uma violência assim na vida e na alma de alguém.
De coração partido digo: vá para Deus, Chester. Você foi inspiração de coragem para mim, obrigada.


sexta-feira, 30 de junho de 2017

27 years old

Pretendi ter morrido muitas vezes. 
Mas a vida venceu em mim.


Eu corri tanto e me escondi por medo. Chorei por dias e noites, dores que ninguém compreenderá. Pequenina e assustada demais para ter voz. Quantas vezes me senti invisível ou pouco importante, afinal, porra será que ninguém vê? E ninguém via... Tão jovem e tanta vontade de simplesmente desaparecer. Ninguém deveria pensar em morrer aos 10 anos de idade. Ninguém nunca deveria pensar em morrer. Algo me empurrava para a vida. Aprendi a ver graça em coisas pequenas. O terror acabou, as marcas machucavam, mas em meus pensamentos eu deveria continuar caminhando, pra honrar aquela menina que antes dos 12 anos foi muito mais forte do que sou hoje. "Que força é essa, pequena flor?" Foi tua força que nos segurou, lembro de noites tão difíceis como se tivessem sido ontem. Lembro do teu choro tão sentido, teu vozeirão sem firmeza nenhuma. Lembro do teu desespero, das tuas mágoas... Ninguém percebeu. Mas aqui estamos. Você percorreu todos esses anos e teu único desejo era ser feliz. Sou feliz, pequena. Sou muito feliz e estou bem. Vencemos! Ninguém te viu, mas eu te vejo. Ninguém te compreendeu, mas eu te compreendo. Finalmente estou em paz. A vida segue bem, por vezes dificultosa, mas teu exemplo de força é constante em minha memória. Feliz 27 anos, a vida se ascende incrível e surpreendente. Para mim, os 27 representavam morte, e ainda representam. Mas hoje com significado diferente: é morte, mas morte de tudo que me incapacita de ser feliz! É por você que continuo. É por mim! Não é mágoas, medos ou dores em meu coração. Meu coração pulsa e a cada batida é só amor. Sempre só amor.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Quarto 1809

Trancou a porta e me agarrou. Senti um tremor  que não tinha nada a ver com o álcool percorrer meu corpo quando beijou meu pescoço. Sorriu e me largou. Examinamos o quarto e nos acomodamos, sentei em um sofazinho próximo a janela. Do 18° andar, eu via a orla e quase todos os lugares que havíamos passado durante o dia. "Maluquice" - eu pensava e sorria para a minha completa falta de juízo. Ao passo que se livrava das roupas cheias de areia da praia, me ofereceu mais uma lata e aceitei, abri enquanto observava tirar a camisa e revelar a pele negra, um corpo magro. Eu ainda sentia em meu pescoço a quentura do beijo que havia recebido há pouco. Olhou para mim com um sorrisinho. Eu estava meio tonta, então não arrisquei dizer nada, apenas sorri de volta. Acomodou-se ao meu lado no sofá e passou a observar o mar. Eu sentia seu cheiro de muito perto, e tudo ficou mais intenso quando descansou suas costas nua em meu peito. Olhou meu rosto e me beijou, senti o gosto da cerveja quando me beijou brevemente. Enfiou suas mãos por baixo de minha camisa e intensificou o beijo. Então tudo ficou turvo. O álcool, o cheio, o beijo... Parei de pensar, nossos corpos quentes do sol, tinham urgência.
A janela aberta deixava entrar uma brisa fria, mas eram as mãos quentes que faziam meu corpo tremer. Eu me divertia com minha maluques, com o álcool que fazia girar minha cabeça, com as mãos, abraços e beijos quentes. Olhei o mar pela última vez antes de fechar a janela. Então me puxou pelo braço e me jogou na cama. Agarrei seus cabelos curtos, e...
 
 
 
 
... O que acontece em Santos, fica em Santos (e na memória).
 
 
 
 
"Faça amor comigo
Até a última canção
Não diga que é pecado
Me leve pra ser livre"